João Baptista Herkenhoff
Professor (UFES) - jbherkenhoff@uol.com.br
A nosso ver, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é o mais importante movimento social do Brasil contemporâneo. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, órgão ligado a um elenco de igrejas cristãs, existem, atualmente, cerca de 300 mil famílias vivendo sob o abrigo de tendas de plástico junto às rodovias. Se aprofundamos no exame dos dados existentes, a situação é bem mais dramática.
O Brasil possui 600 milhões de hectares de terra cultiváveis. Entretanto, 2% dos proprietários rurais são donos de 48% das terras agricultáveis. Segundo dados do Incra, existem 3,1 milhões de imóveis rurais cadastrados no país que ocupam uma área de 331 milhões de hectares. Desse total, os minifúndios representam 62,2% dos imóveis, ocupando 7,9% da área total. No outro extremo, verifica-se que 2,8% dos imóveis são latifúndios, que ocupam 56,7% da área total.
As marchas do MST são marchas de luta pela Justiça. Num país que tem vocação agrícola, o que o MST pretende é incentivar a migração da cidade para o campo. Vejo um traço de poesia nessa trajetória: migram da desesperança para a esperança, da exclusão para a inclusão, da condição de apátridas do abandono social para a condição de construtores da pátria mãe gentil de todos nós.
Temos de repelir a ideia falsa e preconceituosa que tenta mostrar o MST como inimigo da sociedade, confundindo uma luta legítima, que deve merecer nosso apoio e simpatia, com um motim de desordeiros.
Fonte: http://www.otempo.com.br/Opinião » Cartas dos leitores
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