O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em sua coluna semanal para os jornais, que as reservas brasileiras, estimadas em US$ 233 bilhões, foram fundamentais para que o país resistisse à crise financeira. O presidente lembrou o status do Brasil no passado e fez um balanço das conquistas do país com a mudança da situação.
“O Brasil era um país devedor e, quando ocorria uma crise, quebrava e tinha que apelar ao FMI e se sujeitar às suas imposições. A dívida externa pública, que até há pouco tempo era considerada impagável, não só foi anulada, graças às reservas, como nos tornamos credores internacionais”, afirmou.
Lula defendeu que o “colchão de segurança” foi um dos fatores que permitiu ao Brasil ser elevado a “grau de investimento” pelas principais agências de risco internacionais. Segundo o presidente, as reservas brasileiras, somadas a elementos como a diversificação do comércio exterior, a solidez do sistema financeiro local e o forte mercado interno, têm permitido uma estabilidade econômica que garante recursos para investimentos em programas sociais e obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) por todo o país.
“Entre vários indicadores que resultam desse clima altamente favorável, cito o saldo positivo, em pleno ano da crise, de 1 milhão de empregos com carteira assinada e o PIB do terceiro trimestre, que deve registrar crescimento a um ritmo chinês, de cerca de 9%”, completou o presidente.
Reforma
O presidente também comentou a “reforma” sindical e trabalhista. Questionado sobre o assunto, Lula disse “que depende mais do entendimento entre trabalhadores e empregadores do que do sinal verde do governo”. O presidente lembrou a criação do Fórum Nacional do Trabalho e defendeu que, “quando se fala em reforma, é preciso saber o que o outro lado pensa”.
De acordo com Lula, o fórum é responsável por mudanças como o reconhecimento das centrais sindicais – que resultou em um projeto de lei que tramita no Congresso Nacional –, a regulamentação do trabalho aos domingos – que resultou em medida provisória convertida em lei – e a criação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Reforma Sindical (369/05) – que está em tramitação na Câmara dos Deputados.
“A principal mudança sugerida é que os sindicatos por categoria sejam substituídos pelos sindicatos por ramos de atividade. A PEC não conta com unanimidade, mas é assim mesmo. Em caso de falta de consenso, envia-se para o Congresso e os parlamentares decidem”, disse o presidente sobre a proposta.
Para Lula, o caráter temporário dos eventos culturais é o principal responsável pelo número de trabalhadores informais na área. O presidente lembrou que o setor emprega 4% da mão-de-obra do país – mais da metade informal –, e que o trabalhador, mesmo que não tenha carteira assinada, pode contribuir mensalmente para a Previdência, a fim de garantir a aposentadoria e demais benefícios.
Lula também lembrou os planos de previdência complementar e específicos para trabalhadores da cultura, que levam em conta as características da atividade. “São planos feitos através de sindicatos e demais associações de trabalhadores da cultura. O Ministério da Previdência Social e o da Cultura lançaram há quase um ano, e continua no ar, a campanha Cultura Previdenciária, com a participação de vários artistas, incentivando a adesão aos planos de previdência complementar e aos planos associativos”, disse.
Câmbio
O presidente comentou ainda a desvalorização do dólar em relação ao real. Para ele, a solução é produzir com mais tecnologia. Indagado sobre a forte valorização do real diante da moeda americana em 2009, o presidente defendeu a flutuação do câmbio e a qualificação do setor produtivo do País para compensar a maior dificuldade para os exportadores. "Nós temos de evoluir tecnologicamente para que possamos ganhar dinheiro exportando, mesmo com o câmbio mais baixo", exortou Lula.
Lula lembrou da recente adoção de uma taxa de 2% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Ministério da Fazenda e disse confiar na eficiência da medida para reduzir o ritmo de alta do real. A moeda brasileira ganhou 51% em relação ao dólar nos últimos 12 meses, segundo recente estudo do banco americano Goldman Sachs.
Além disso, Lula defendeu a compra de dólares pelo Banco Central. "Nós sabemos que há excesso de entrada de dólares no Brasil", afirmou. "O ministro (da Fazenda) Guido (Mantega) tomou medidas para conter a entrada de dólares criando o IOF na bolsa. Isso leva um tempo para surtir efeito. Certamente esta semana, o Banco Central, na medida em que for entrando dólares em exagero, precisa comprar a moeda americana para que a gente não permita uma queda muito grande."
O presidente ainda fez referências indiretas à proposta de Mantega, que há 10 dias em Londres, defendeu a padronização do sistema de câmbio, fixo ou flutuante, pelas 20 maiores economias do planeta (G-20). "Nós somos vítimas de uma boa causa: o câmbio flutuante. Como dizia o ministro Palocci em 2004, o problema do câmbio flutuante é que ele flutua", disse Lula, argumentando que a população brasileira é favorável à flutuação e o mercado deve encontrar a melhor relação de custo entre real o dólar.
Fonte: Portal Vermelho
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