“Nossa principal meta para 2010 é obter permissão do Banco Central para podermos lançar poupança própria”. Com essa declaração, Joaquim Melo, fundador do Banco de Palmas (um banco social), encerrou a entrevista exclusiva para o Relatório Bancário. Ele havia presidido um dos principais painéis do Seminário de Inclusão Financeira e Consumo Popular, promovido pela Cantarino Brasileiro, em São Paulo.
Melo informou que o Banco Palmas é o destaque de uma rede que congrega 51 bancos comunitários no País (“funciona como se um banco fosse franquia do outro”) e que já registram mais de R$ 3 milhões de empréstimos tipo microcrédito ao ano. Tais instituições “sociais” atendem atualmente 2.500 famílias, com serviços vários, sendo que o Banco Palmas, o pioneiro e o maior, atende cerca de 750 delas com uma carteira de empréstimo hoje avaliada em R$750 mil.
Mais de 50 Moedas Diferentes – Além da conta em Real (moeda nacional) o Palmas tem outra carteira avaliada em R$ 200 mil, só que em moeda própria, emitida pelo banco. “Temos 51 moedas diferentes do real e que têm validade somente regional”, explica Melo ao informar que o objetivo de tais moedas é não retirar a poupança das regiões atendidas, predominantemente carente.
A chamada Moeda Local Social Circulante, reconhecida e aprovadas pelo BC, é aceita em estabelecimentos de todos os tipos pré-cadastrados no banco comunitário, que fornece a garantia à moeda, sendo que esta não pode sair de determinada região. “Estas moedas são mais fortes que o Real”, continua Melo. “Trocamos R$ 60,00 por cerca de 65 Palmas, até o limite de R$ 600, para que o montante em dinheiro não abandone a região, para continuar a irrigar o local que mais necessita, estimulando comércio, indústria e poupança locais”.
Além disso, o Banco Palmas disponibiliza linhas de microcrédito de até R$ 10 mil e empréstimos no limite de 750 da sua Moeda Local Social (o Palmas) que podem ser trocadas em aproximadamente 250 estabelecimentos cadastrados. “Tem até fábrica conveniada”.
A inadimplência no Palmas é mais baixa que a média das maiores instituições medida em um ano. Ela vai até 2% contra a taxa normal que oscila de 1,5 a 3% nos bancos tradicionais, medida durante o ano todo. “Essa é a média de todos os 51 bancos comunitários”, diz Melo.
A análise de crédito leva em conta o aval da comunidade, quando alguns vizinhos se solidarizam com o crédito ao novo tomador. O limite é dado pelas regras do BC: um banco comunitário pode atender até 60 mil pessoas.
O Instituto Palmas é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que lutou pelo marco legal dos bancos comunitários com 11 anos de mercado. Ele tem convênio com o Banco do Brasil (de quem é também correspondente desde 2005). Com uma linha de crédito total de R$ 1 milhão, o Palmas repassa ao BB com taxas de 1%.
“Precisamos reduzir o que pagamos para poder baratear o juro que cobramos dos nossos clientes, por isso queremos oferecer poupança diretamente às comunidades carentes que atendemos”, explica. Ou seja: almejam receita mais barata.
O que faz a rede de bancos sociais brasileiros serem criativos (no caso das moedas locais) e ambiciosos (no caso da poupança) é continuar seu precioso trabalho de gerar renda, trabalho e inclusão financeira.
Na comunidade de Palmeiras (no CE), onde nasceu e localiza-se o banco, já foram criados 1.800 postos de trabalho novos diretamente pela ação do banco. “Isso em um universo original de 30 mil habitantes”, finalizou Melo, sem esconder o orgulho.
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Fonte: Relatório Bancário
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