sexta-feira, 18 de junho de 2010

Praticar Economia Solidária é um ato subversivo

Uma mesa com os professores Ladislau Dowbor, Cristóvam Buarque e Paul Singer seguiu a mesa de abertura da II CONAES, no primeiro dia de atividades. A fala inicial foi feita por Dowbor, que resgatou um texto seu publicado em revistas e na internet, entitulado “Os 10 Mandamentos”.

De acordo com o professor, uma versão atualizada e revisada dos 10 Mandamentos da Bíblia deveria consideras a seguinte redação:

  1. Não Comprarás os Representantes do Povo – ou resgatar a dimensão pública do Estado;
  2. Não Farás Contas Erradas - as contas têm de refletir os objetivos que visamos;
  3. Não Reduzirás o Próximo à Miséria - algumas coisas não podem faltar a ninguém;
  4. Não Privarás Ninguém do Direito de Ganhar o seu Pão - universalizar a garantia do emprego é viável;
  5. Não Trabalharás Mais de 40 Horas – podemos trabalhar menos e trabalharemos todos, com tempo para fazermos mais coisas interessantes na vida;
  6. Não Viverás para o Dinheiro - a mudança de comportamento, de estilo de vida, não constitui um sacrifício, e sim um resgate do bom senso;
  7. Não Ganharás Dinheiro com o Dinheiro dos Outros – racionalizar os sistemas de intermediação financeira é viável;
  8. Não Tributarás Boas Iniciativas – a filosofia do imposto, de quem se cobra, e a quem se aloca, precisa ser revista;
  9. Não Privarás o Próximo do Direito ao Conhecimento – travar o acesso ao conhecimento e às tecnologias sustentáveis não faz o mínimo sentido;
  10. Não Controlarás a Palavra do Próximo – democratizar a comunicação tornou-se essencial.

Dowbor, a cada novo mandamento, apresentou um comentário sobre a realidade que o país vive e as possibilidades que precisamos construir. Cristóvam Buarque, primeiro a comentar a apresentação de Dowbor, fez menção à outros mandamentos da educação, que precisam ser considerados sob pena de não termos nunca uma educação democrática.

Buarque enfatizou que Economia Solidária é um pleonasmo, porque nossa prática econômica, na sua origem, é social, coletiva, ao contrário do que a economia capitalista (não-solidária) pratica, enfatizando o individualismo, a exploração, a competição. Para ele, praticar Economia Solidária nos dias de hoje é um “ato subversivo”.

Paul Singer, em sua fala, relatou com insatisfação que diversos pontos que haviam sido reivindicados em 2006 (na I CONAES), precisam ser novamente retomados neste momento. “Ainda esse direito não é uma realidade para uma parte importante da cidadania brasileira”, afirmou, referindo-se ao tema da Conferência – “Pelo Direito de Produzir e Viver em Cooperação de Maneira Sustentável”.

“O que vamos fazer nos próximos dias”, convocou Singer, “é nos debruçarmos sobre as questões do crédito, da comercialização, da tecnologia, entre outros vários temas. Temos que crescer em qualidade e disso depende a transformação dos nossos direitos de fato”.

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