quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Com consultoria de experiência cearense, Cidade de Deus terá banco comunitário

Uma comunidade com moeda própria, gerida por um banco comunitário. Essa é a ideia que o Banco Palmas, do Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, Ceará, inspirou ao bairro Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. O cerne da questão é fazer com que um outro tipo de economia circule dentro da comunidade, favorecendo a produção local e gerando desenvolvimento para todos.

O bairro Cidade de Deus, oriundo de um conjunto habitacional situado na Zona Oeste, tem uma população de cerca de 38 mil habitantes e apresenta indicadores sociais entre os mais baixos do Rio de Janeiro, embora situado vizinho a bairros nobres da cidade, comoFreguesia eBarra da Tijuca.

Situação parecida era a do Conjunto Palmeiras. Em 1998, a Associação de Moradores do Conjunto Palmeira (Asmoconp), com o apoio de ONGs, montou a instituição de crédito considerada referência para o país no que diz respeito à criação de moedas sociais.

O Banco Palmas foi convidado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Henrique da Costa, a prestar consultoria para a criação do banco da Cidade de Deus. Marcelo já desenvolvia o projeto Rio Solidário e queria disponibilizar o microcrédito como alternativa. O Cidade de Deus obedecia a alguns critérios apontados pelo Banco Palmas para a implantação de um banco comunitário: comunidade organizada, pobre e com experiência em processos sociais e ligados ao desenvolvimento.

O gerente e fundador do Banco Palmas, Joaquim Melo, esclarece que, nesse modelo de banco, cada comunidade cria sua própria instituição. "O nome do banco, da moeda, tudo vai ser resolvido em um seminário. Primeiro teremos o Seminário de Sensibilização, quando será esclarecido à comunidade o projeto. Em seguida, virá o Seminário de Planejamento, quando será escolhido o nome do banco e da moeda, que deve ser bastante representativo da história e das lutas da comunidade", conta. A instituição será gerida por uma associação de moradores.

Durante três meses, a partir de março, haverá a capacitação dos gerentes de crédito, caixas e produtores locais. A expectativa é de que o banco comece a funcionar em junho deste ano. Serão oferecidos quatro produtos: microcrédito para o consumo (R$ 40 mil reais) e para a produção (R$ 60 mil reais, captados junto ao BNDES), com incentivo ao comércio, serviços e pequenas indústrias; correspondente bancário da Caixa Econômica Federal e microsseguro, um seguro de vida com preço abaixo do mercado, apenas 35 reais por ano.

No primeiro ano de funcionamento, estima-se que 200 famílias devem ser atendidas pelo microcrédito; 1.500 famílias devem utilizar o serviço de correspondente bancário e devem ser vendidos 500 seguros de vida. Joaquim Melo conta que, com o tempo, a comunidade demanda novos produtos a ser criados.

O município de Silva Jardim, no interior do Rio de Janeiro, criou o Banco Comunitário Capivari em novembro do ano passado e também teve a consultoria do Banco Palmas. Já na capital do estado, a experiência do Cidade de Deus será pioneira. Tida como um projeto piloto, se der certo, a ideia poderá se "espalhar" para outras comunidades.

Fonte: Adital - Camila Queiroz *

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