quarta-feira, 29 de junho de 2011

Clube de Trocas aumenta autoestima de mulheres no Paraná

Transformação social. Isso é o que Lourdes Marchi, uma das organizadoras da Rede de Trocas Solidárias de Curitiba e região metropolitana, no Paraná, acredita que acontece com as participantes dos Clubes de Trocas. "Estamos resgatando a autoestima. No começo [a ideia] era tirar as pessoas da situação de miséria, de pobreza. Hoje elas são outras pessoas, mais felizes e alegres”, contenta-se.


O relato de Lourdes refere-se à experiência dos Clubes de Trocas em Curitiba e região metropolitana. Fundado no Paraná em 2001 por uma equipe de 11 pessoas, hoje, a área da capital paranaense já possui oito grupos com mais de sete pessoas em cada.


De acordo com a organizadora da Rede, 90% das participantes são mulheres que moram nas periferias das cidades e têm mais de 30 anos. O grupo recebe formações, oficinas e fazem reflexões e apresentações sobre os produtos e as ações baseadas na economia solidária.


"A gente orienta que a ideia é não acumular a moeda social, pois só vão acumular papel, porque não podem comprar nada no mercado”, explica. Assim, o Pinhão, como a moeda social na região é denominada, só é utilizado nos Clubes de Trocas. "Toda riqueza deve ser consumida no clube. A pessoa leva a produção [para o grupo] e volta com a sacola cheia de [outros] produtos”, comenta.


Segundo Lourdes, as participantes trocam desde verduras e legumes produzidos nas hortas dos quintais das casas até artesanatos e roupas usadas que estejam em bom estado. A organizadora da Rede destaca ainda que as decisões são tomadas em conjunto.


De acordo com ela, há momentos em que até mesmo o valor do produto é discutido entre as participantes. "O grupo ajuda a estabelecer o valor. Algumas criticam quando está alto ou baixo. Assim, elas aprendem coletivamente a dar o valor justo, sem explorar o trabalho”, revela.


Para ela, a transformação social é a principal contribuição dos Clubes de Trocas. Lourdes lembra que muitas mulheres chegaram ao grupo com autoestima baixa e hoje estão no mercado de trabalho, são lideranças na comunidade e até mesmo coordenadoras de grupos.


"Algumas chegaram aqui de cabeça tão baixa que a gente nem conseguia ouvir o nome delas direito. Aí a gente pedia pra repetir mais alto. Hoje são lideranças, trabalham em padarias comunitárias, entraram no mercado de trabalho, participam de atividades na comunidade, coordenam os próprios grupos. O clube de troca representou para muitas delas o empoderamento, a libertação, o poder de voz, de se expressar”, observa.


Os Clubes de Trocas no Brasil são inspirados no modelo da Argentina surgido na década de 1990. Lourdes Marchi afirma que há Clubes de Trocas espalhados em vários estados brasileiros, como São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Matéria realizada pela Jornalista da Adital, Karol Assunção.

Fonte: Adital

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