sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Poesia
A poesia foi elaborada em coletivo pelos integrantes do MST de todo o Brasil. Ela foi recitada no ato em que os companheiros acampados na Fazenda Southall em São Gabriel, organizaram para cobrar o assassinado do militante Elton Brum da Silva, 44 anos pela policia militar, com um tiro a queima roupa pelas costas.
Força e coragem companheiros e companheiras.
A MORTE ESPERAVA POR ELE
Ademar Bogo
Tempos duros de ameaças e sem credibilidade
A Brigada era o terror se aproximando
A governadora Crusius era o próprio calvário
Até que o sangue veio para marcar a terra
Terra boa de São Gabriel...
Amaldiçoada enquanto propriedade da Southall.
Quem pensais que sois, Malditos fingidores?
Perseguidores de escolas e das crianças!
O que ganhais com balas disparadas brigadianos?
Umas costas furadas, sem sangue e um corpo morto!
O que direis à opinião pública, já sem opinião?
Que mataram em legitima defesa? Pelas costas?
Então o morto revoltado, teria desafiado um soldado sem olhar em sua fronte?
Errado! Um Sem Terra nunca desvia o olhar de quem não gosta!
Como era tantos, não foi possível olhá-los todos de uma vez!
E o mais covarde atirou a traição.
E um morreu a traição!
E o crime foi a traição!!
Quem poderia saber a hora do disparo?
A governadora sabia!
Faz tempo que ela havia encomendado um morto
Ela queria uma morte, uma cabeça na bandeja
Para dizer aos seus abnegados da quadrilha:
Vende, como ainda tenho autoridade!
Agora, as noticias vão ganhar espaços por uma semana
Depois, os jornais calarão as vozes
E procuraram um crime novo.
E ela então ressurgirá mais jovem
Com as pernas trançadas em algum candidato
Buscará os votos para tentar escapar da maldição.
São Gabriel das terras escravizadas:
Dos conflitos recriados
E dos bandidos traiçoeiros...
Olhai para os que buscam o trabalho, a terra e a dignidade.
Amaldiçoai os que levantam armas e leis contra as enxadas
E impetrai o mandado da justiça
Contra os que fazem cair lágrimas pelas fases das mulheres e crianças.
Que não anoiteça mais um dia
Sem que o remorso e a dor adentrem o palácio, os quartéis e as salas
Das ensebadas fazendas inimigas
Que a depressão caia sobre esses recintos e maltrate as consciências criminosas
Que a terra, que chama por seus filhos, anime as novas lutas
E vibre com seus campos.
Que o sangue derramado seja o clamor
Para que todas as forças se dirijam naquela direção
Para a grande conquista. Assim temos certeza que:
O Elton Não morreu: É a continuidade da promessa!
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