segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Poemas

Livro: Canto Geral
Autor: Pablo Neruda


Poemas


Vamos Revolucionar



A mudança é necessária e deve ser cotidiana
Aprendemos com a história que é
Precisos lutar
Salvar o planeta, a natureza e a raça humana
É a nossa tarefa, vamos revolucionar!

No sentido da palavra está explicação
Transformar em cada gesto e em cada ação
Pra que o ser se permita germinar,
Ele é o novo e quer nascer com os pés no chão
Se reciclando para ser revolução
Seguindo em frente, vamos revolucionar!

Se a tradição é moralista e estática
Uma certeza pode se transformar
A cultura faz a pessoa simpática
Seremos cultos, vamos revolucionar!

Se a tradição é moralista e estática
Uma certeza pode se transformar
A cultura faz a pessoa simpática
Seremos cultos, vamos revolucionar!

O sistema ensina a busca individual
Fortalecendo sendo o ego pessoal
Pra responder antes de perguntar,
Mas o ser humano é um Ser Social
Com capacidade de ser intelectual
Buscando o conhecimento vamos revolucionar!

O grito de protesto tem muito valor
Não podemos ser explorados e nos calar
Se diferente liberando o calor
Que faz a gente se identificar
Nosso grito pode acabar com mil
gritos de dor
Unamo – nos pra gritar, vamos revolucionar!

Somos sempre instigados a consumir
Um produto chega e já tem que partir
Por que outro vai tomar o seu lugar.
A lógica do mercado faz o povo assistir
Buscando o ter, esquecendo do sentir
O mercado que se lasque, vamos revolucionar!

A concentração do conhecimento
Impede o ser humano de raciocinar,
O cérebro é o seu firmamento
Que o sistema não deixa germinar
A auto – estima fará o julgamento
Com o ser diferente sendo fermento
Nos libertaremos, vamos revolucionar!

Quando o desanimo e a desilusão
Sem pedir licença em nossa vida entrar,
Aprendamos com a revolução
Guiados pela mente e o coração
Que ser amado é conseguir amar,
Criar e recriar é a transformação
Matando a ingnorança com a educação
Buscando o novo vamos revolucionar!

Luta, trabalho, estudo e lazer
A vida segue sempre transformando
Mudando as relações para o nosso compreender
Os passos apontam o horizonte chegando,
O que o capital tem para oferecer
È o que não precisamos para viver
Sigamos vivendo e revolucionando!




A RESPOSTA ESTÁ NO SER

Um suspiro paria no ar
Dúvidas, incertezas, inquietações
De repente paramos para escutar
Num suspiro aparecem as reações
O que fazer? Não dá pra ignorar !
São batidas de muitos corações.

Seguir em frente por seguir não adianta
Aceitar tudo calado é covardia
Quando a ansiedade de ser livre é tanta
O desejo se transforma em agonia
Aos hipócritas a mentira encanta
Para os sinceros entoar a melodia.

Aprendendo que aprender é ser eterno
Respeitando os valores diferentes
O verão existe porque há inverno
Nem outono e primavera são permanentes
O Poder não está no fato de usar terno
Está na capacidade de ser gente.

Trair a traição do egoísmo
Aprendendo que é possível escutar
A arrogância é o tempero do cinismo
Impedindo a liberdade germinar
Esse mal será jogado num abismo
Pelos frutos de uma prática exemplar.

Desvendando o mistério da verdade
Depois da guerra vem sempre a paz
É mais bonito ouvir a voz da lealdade
Brilhar nos olhos do ser humano capaz
De construir sua própria felicidade
Fazendo o que é para ser o que faz.

O suspense encontrará a saída
Resolvido num sentimento profundo
A incerteza faz a sua despedida
E o coração seguindo o ritmo do segundo
Anuncia o pulsar de uma nova vida
Com o ser humano no centro do mundo.


Dirceu Pelegrino Vieira





Os Ditadores

Ficou um aroma entre os canaviais:
Uma mescla de sangue e corpo, uma penetrante
Pétala nauseabunda.
Entre os coqueiros os túmulos estão cheios
De ossos demolidos, de estertores calados.
O delicado sátrapa conversa
Com taças,pescoços e cordões de ouro.
O pequeno palácio brilha como um relógio
E os rápidos risos enluvados
atravessam ás vezes os corredores
e se reúnem às vozes mortas
e às bocas azuis frescamente enterradas.
O pranto está escondido como uma planta
Cuja semente cai sem cessar sobre o chão
e faz crescer sem luz suas grandes folhas cegas.
O ódio se formou escama por escama,
Golpe por golpe, na água terrível do pântano,
Como um focinho cheio de lodo e silêncio.

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