quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Notícia:


MST questiona isenção do MPE para investigar morte de sem terra

Participantes da coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (01/09)
Em coletiva, Movimento Sem Terra (MST) criticou decisão da Brigada Militar e da cúpula da Segurança gaúcha em não divulgar nome do policial que matou o trabalhador Elton Brum da Silva. Também quer que outros órgãos, como o Ministério Público Federal (MPF), participem das investigações já que questiona a isenção do Ministério Público Estadual (MPE).
Porto Alegre (RS) - O Movimento Sem Terra (MST) se pronunciou nesta terça-feira (01) pela primeira vez sobre a investigação da morte do trabalhador Elton Brum da Silva, assassinado durante o despejo da Fazenda Southall em São Gabriel (RS). Em entrevista coletiva, o MST criticou a decisão da cúpula da Segurança gaúcha que, mesmo já sabendo quem matou o sem terra, não quis divulgar o nome sob a alegação de não atrapalhar as investigações.

A coordenadora Nina Tonin avalia que esta postura abre precedentes sobre o rigor das investigações. “Primeira suspeita é porque a governadora tinha que ser consultada sobre uma explicação técnica de como saiu um tiro naquelas circunstâncias. O segundo é porque, no retorno da governadora, a decisão foi de manter o sigilo do nome do assassino e as circunstâncias em que isso ocorreu. No nosso entender, a polícia, que tem o papel de tornar público quem matou o sem terra, toma a decisão de esconder esse assassino”, disse.

O MST também questionou a isenção do Ministério Público Estadual (MPE) em investigar a morte de Elton Brum. Nina lembrou que, há um ano atrás, foi divulgada a ata de uma reunião em que o Conselho Superior do MPE pedia a dissolução do MST. Embora tenha voltado atrás nesta decisão, o documento serviu de base para que o Ministério Público encaminhasse ações civis que retiraram acampamentos sem terra perto de fazendas em Coqueiros do Sul e Nova Santa Rita.

A coordenadora Nina Tonin também questionou a isenção da Promotoria de São Gabriel. A sem terra usou como exemplo o fato de que a assessora de uma das promotoras que investiga o caso é filha do presidente do sindicato rural do município. O MST reivindicou que sejam acatada uma das sugestões do Ouvidor Agrário Nacional, Gercino José da Silva Filho, de que o Ministério Público Federal participe das investigações.

“Lá em São Gabriel tem 400 crianças sem escola. Já são moradoras da cidade. O prefeito não tomou nenhuma providência. E a promotoria não faz nada”, reclama.

Além do MST, participaram da coletiva diretores da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Cpers Sindicato, CTB e a representante das pastorais sociais na regional da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Eles avaliaram que a morte do sem terra em São Gabriel foi o resultado da política de criminalização dos movimentos sociais, da qual faz parte a repressão da Brigada Militar contra protestos e manifestações.

Guiomar Vidor, presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) no estado, afirmou que outros protestos reprimidos com violência já poderiam ter acabado em morte. Ele também defendeu o fim dos tribunais militares especiais, que segundo o sindicalista estimula a impunidade entre os policiais.

“Nós estamos vivendo um estado de guerra da Brigada Militar contra os movimento sociais. E não é só esse caso do MST. Lá em Caxias do Sul, tivemos o caso de sindicalistas presos numa atividade dos comerciários em Farroupilha. Há uma perseguição direcionada aos movimentos sociais. Nós também precisamos acabar com esses tribunais especiais, como os militares. Ali a corporação julga os seus representados, não existe uma punição equivalente feita pela sociedade civil”, aponta.

Mais informações pelo site: agenciachasque.com.Br

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