Trabalhadores produzem juntos para crescerem em conjunto
Lá na Estância Princesa do Sul existe um estande diferente de todos os outros desta 19ª edição da Fenadoce. Priorizando o trabalhador ao invés do lucro, a Economia Solidária se faz presente pela primeira vez na Feira.
O objetivo de expor na Fenadoce, segundo Adão José Vaz de Oliveira, um dos coordenadores do Fórum Microrregional de Economia Popular Solidária, é fazer com que as pessoas tomem conhecimento do projeto. “Assim a gente espera que o produto escoe mais”, diz. “É um espaço onde a gente se apresenta pro mundo, por enquanto a gente ainda está meio escondido”, completa.
Existente há pouco mais de dez anos, a Economia Solidária nasceu por necessidade. Seus componentes se viram sem alternativa de sustento após perderem seus empregos quando as empresas onde eram empregados fecharam as portas. Perguntados de onde veio a idéia, os integrantes são categóricos ao afirmarem que nada foi fruto de uma cabeça privilegiada. A Economia Solidária, segundo eles, é um movimento amplo e profundo, cujas raízes históricas se encontram nas ações e nas lutas de organizações de trabalhadores, entre outros. E, apesar de ter sido criada única e exclusivamente por esses, já conta também com o apoio dos governos.
Todos os empreendimentos de Economia Solidária funcionam de uma maneira bastante democrática: Todo mundo decide tudo junto, cooperando, sem hierarquias. Pratica-se a autogestão, um processo de decisão em que todos são responsáveis pelo que fazem no grupo do qual participam. Tudo isso com uma característica marcante: Sem explorar ninguém e sem destruir o ambiente. “Não tem patrão nem empregado, todo mundo é um conjunto”, diz Oliveira, comentando ainda que todos os materiais necessários são comprados em rede. O projeto tem como base o desenvolvimento sustentável, global e coletivo, além de ser uma estratégia de enfrentamento da exclusão social, sendo sempre justa e gerando trabalho e renda de forma solidária.
Na prática, a Economia Solidária funciona através de associações, cooperativas, clubes de troca, redes e complexos cooperativos. Na agricultura, por exemplo, os trabalhadores se juntam para produzir coletivamente e o resultado é uma produção maior, melhor e gerando crescimento para todos. O mesmo fazem os catadores – ou coletores de materiais recicláveis - que formam cooperativas para coletarem juntos, reciclar e transformar o que era lixo em algo útil. Outro exemplo são trabalhadores de fábricas falidas, que formam novas empresas solidárias e, juntos, são responsáveis recuperação, administração e funcionamento dessas empresas renovadas. Até mesmo amigos, vizinhos, colegas de trabalho participam, organizando-se para fazer compras solidárias que beneficiam tanto quem consome quanto quem produz, entre outras práticas, como a utilização de uma moeda social em seus clubes de troca, bancos solidários, com juros baixíssimos – ou sem juros – e cadeias de produção solidária, onde um grupo coopera produzindo e outro coopera comprando essa produção.
Engana-se quem pensa que a Economia Solidária é pequena. Só em Pelotas são 26 grupos, além de mais diversos outros em toda a região sul do estado. Já foram organizadas duas conferências a nível nacional e em 2003, pelo então presidente Luís Inácio Lula da Silva, fora criada a Secretaria Nacional de Economia Solidária. Aqui em Pelotas, as iniciativas podem ser conferidas em todas as segundas terças-feiras do mês em frente ao Campus I da Universidade Católica de Pelotas, através da feira Bem da Terra – Comércio Justo e Solidário.
Mais informações podem ser obtidas pelo site do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) WWW.Fbes.org.br
Matéria produzida por Leon Sanguiné
Foto: Jonathas Rivero
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